terça-feira, 9 de março de 2010

Nova York, foi ruim, mas foi ótimo!

Cena Comum




Central Park



Columbus Circle estrelado



Vista de cima do Rockfeller Center



Harlem



A famosa estátua



Pastis - Meatpacking District



O local fatídico



Empire States visto do Top of the Rocks



Strand - Maior sebo do mundo



Norte do Central Park



Sul do Central Park




Para alegrar a nossa vida...


Como ouso falar que uma visita a Big Apple pode ser ruim?

Sim, eu ouso dizer isso depois de rodar o mundo. Nesses quase 7 meses de viagem até então, minha aventura foi uma busca por conhecimento, por experiências, vivências, amigos, percepções, interações, maravilhas, descobertas. Essa viagem e esta busca incessante nada tinham a ver com o espírito consumista que exala de todos os poros de Nova Iorque. A verdade é que a parte ruim da visita a Nova Iorque foi só o começo porque foi um verdadeiro choque com essa nova realidade. É claro que também foi uma experiência surreal conhecer a cidade mais eletrizante do mundo. Foi chocante. Eletrizante e chocante são palavras que combinam e até denotam um sentido de ação e reação!

Depois de 13 horas de viagem em um ônibus vindo de Toronto, cheguei à estação rodoviária de Nova Iorque. Confesso que essa foi uma hora de certa agonia, certo desconforto, digamos, um certo medinho por parte de Mariana Stock. Perguntei para o primeiro gringo que vi como fazia para pegar o metrô e a pessoa passou literalmente reto, como se ninguém estivesse falando com ela. Perguntei para outra pessoa, a resposta foi mais grossa do que curta... “Have no idea”. Alguns minutos depois eu vim a descobrir que existia uma estação de metrô dentro da rodoviária. Não é possível que aquela pessoa “have no idea” disso. Mas tudo bem, segue o barco senão ele afunda!

O próximo capítulo da indiferença da comunidade da maçã foi ainda dentro da rodoviária. Fui numa maquininha do metrô comprar um passe semanal que custava U$ 27. Tinha apenas duas notas de U$ 20 trocadas. Coloquei ambas na máquina e a bendita recusou acusando que não tinha troco para U$ 40, era preciso colocar dinheiro mais trocado lá dentro. Fui até uma banca de jornal logo em frente e perguntei se a moça poderia trocar uma nota de U$20 por duas de U$10. Dá pra acreditar que a resposta dela foi “NO”???? Eu, na maior educação do mundo, com cara de turista perdida, pedindo um favor simples como esse e receber um baita de um não na cara na cidade dita mais cosmopolita do mundo, eu juro que não entendo.

Primeira impressão de Nova Iorque: ninguém está ali pra fazer amigos, pra te desejar boas vindas, pra te dar um help básico. Todo mundo ali está a negócios, com pressa, sem tempo para pequenezas humanitárias. Hunf! Dá pra entender porque foi ruim o começo? Poxa, tava super acostumada a ser bem recebida nos países, a ter sempre alguém querendo ajudar de alguma forma. De repente, chego aqui, e parece que o objetivo principal do povo é não facilitar mesmo. Que se virem os inexperientes de nossa selva de pedras implacável.

Já tinha feito algumas pesquisas a respeito de hosteis em Nova Iorque. Estava muito em dúvida nessa decisão, já que a maioria dos sites de hosteis comentava que Nova York era uma cidade crítica no que diz respeito à acomodação low cost, com problemas generalizados de falta de limpeza, barulho, desordem, perigo e má localização.

Num ato de coragem, optei por ficar num hostel no Harlem, um bairro que até poucos anos atrás era considerado bem decadente e perigoso. Atualmente a fama do Harlem melhorou um pouco, mas ainda assim alguns moradores locais são um tanto quanto mal encarados, com uma estranha semelhança com os personagens dos guetos de filmes americanos, como Precious. Optei por ficar lá para viver isso mesmo, viver a experiência de estar num local onde reside parte da população nova-iorquina. Eu poderia ter decidido ficar bem no centro, na Times Square, no ápice do agito, mas resolvi me afastar um pouco deste frisson e também viver o lado B da cidade.

Para o bem da moral de Nova Iorque comigo, a percepção da população melhorou muito ao longo dos dias vividos ali. Até encontrei gente simpática no metrô que se dispôs a me ajudar a me encontrar naquele labirinto de linhas que só Nova Iorque oferece. Quando cheguei à estação mais próxima do meu hostel, saí do nível subterrâneo para as ruas e me senti, mais uma vez, mais perdida do que cega em tiroteio. Não sabia qual direção seguir para achar o meu hostel. De repente, como por um passe de mágica, aparece um anjinho idoso na minha frente e sem eu perguntar nada, o ser iluminado me indaga: “Do you want to go to L-Hostel?” Como assim? Como este Ser sabe pra onde eu quero ir? Nova Iorque me ganhou de vez colocando esse anjo de cachos brancos no meu caminho.

Daí pra frente as coisas só melhoraram... aliás, quase só melhoraram. Ainda teve um episódio fatídico. Levei um tombo destrambelhado a la Miri em plena 5th Avenue, bem em frente a uma loja da Channel. Dá pra acreditar que ninguém parou pra me ajudar ou mesmo perguntar se tava tudo bem comigo? Acho que foi vergonha alheia geral! Eu levantei e caí na gargalhada, era o que me restava para não perder o dia.

Beleza, agora sim as coisas foram de bem a melhor! Fiz praticamente tudo o que tinha direito nessa cidade única e cinematográfica. Cumpri desde os programas mais básicos, até alguns mais selecionados sugeridos por alguns amigos VIPs. Tive o prazer de conhecer Nova Iorque em plena época de Natal com muita neve, uma combinação que só o hemisfério norte tem o privilégio de oferecer.

Passear pela Times Square, Broadway, 5a Avenida, ponte de Brooklin são obrigações básicas de qualquer transeunte em NY. Olhar para cima e ver apenas luzes, comércio, propagandas e dezenas de arranha-céus é uma experiência típica e originalíssima desta cidade. A vibração de toda essa máquina de consumo é contagiante até mesmo para uma viajante pouco consumista como eu.

 





Somente em Nova Iorque eu perdi a linha e comprei, digamos, acima do devido. Ir até um outlet em NY e não cometer um descontrole consumista chega a ser sem graça. Mas eu tive graça e me descontrolei. Comprei presente pra família toda, comprei presente pra mim, comprei uma câmera fotográfica dos sonhos que foi uma verdadeira realização! Não me arrependi, entendi que aquele era o momento de viver este tipo de experiência, que não tinha vivido até então em minha viagem.

Assistir a um espetáculo na Broadway, passear pelos 4 cantos do Central Park, subir no Rockfeller Center são vulgaridades imperdíveis e saborosas desta maçã que tem muita atração pra ser degustada! Eu ainda consegui reservar um tempinho para programas menos triviais, como almoçar no Pastis no bairro Meatpacking District e visitar o High Line Park. Imperdíveis e únicos em Nova Iorque!

O  choque que tomei nesta cidade frenética foi de muita valia para a finalização das transformações desta viagem. Ao passar tanto tempo na Ásia, vivenciando experiências inimagináveis fiquei, talvez, um pouco aérea, utópica, fantasiosa. A passagem pela Big Apple teve a importante função de dar um chacoalho em mim e me preparar um pouco melhor para enfrentar a realidade de meus próximos dias nessa volta pra casa no mundo ocidental.

A confusão mental já me habita nesse momento que antecede a hora da volta. Deixarei este tema tão complicado para um suposto último post no blog Mundo Bão Sebastião.

Aguardem.