SAME SAME, BUT DIFFERENT!
Essa é a frase que mais se escuta na Tailândia desde o primeiro momento em que se coloca os pés no país. Nos mercados, nos hotéis, nas ruas, em todos os cantos tem alguém soltando o clichê, as vezes sem nem ter um contexto claro. A princípio parece uma frase bem simples – “igual igual, mas diferente” – porém, essa simples frase esconde um profundo significado que resume bem a percepção que tenho tido do mundo.
Nesses meses de caminhada por alguns países, vi muitíssimos contrastes, formas completamente diferentes de viver, culturas, religiões, hábitos que jamais imaginava existir. Apesar de todas essas dissonâncias, em qualquer lugar do mundo o objetivo final da existência humana é sempre o mesmo: viver, aprender, amar, comer, reproduzir... Em todos os lugares que passei, encontrei gente fazendo o possível e impossível para sobreviver, vi crianças brincando nas ruas, vi escolas, vi alimento, vi casais, vi gente triste, vi gente feliz. Tudo igualzinho onde vivo, mas completamente diferente. Same same but different, o ditado tailandês que resume tudo.
Passei 16 dias na Tailândia, cheguei sozinha na caótica Bangkok onde dois dias depois me encontrei com o amado João. Passamos alguns dias na capital Tailandesa hospedados num hotel próximo a rua Khao San Road, o reduto dos mochileiros na terra, certamente o lugar onde mais vi turistas até então. Se na China era difícil encontrar ocidentais, na Tailândia parece que os ocidentais são a maioria. Meus tempos de celebridade chegaram ao fim, na Tailândia eu sou só mais uma polaca entre milhares.
Khao San Road
A fama dos tailandeses é de ser um povo amigável e sorridente, mas infelizmente em Bangkok não foi bem isso que encontramos na nossa chegada. É tanto, mas tanto turista que parece que a população local está meio farta de todo esse movimento, não é raro o turista ser tratado com um certo descaso. Como tudo na vida, Bangkok tem o bônus e o ônus... Por um lado, é a cidade onde é possível encontrar o que você quiser, massagens super relaxantes, os melhores sucos naturais do mundo, panquecas fresquinhas em cada esquina, templos lindos, roupas bacanas, insetos comestíveis que não me arrisquei a comê-los. Por outro, é uma cidade agitada demais, 100% massificada pelo turismo e com altíssimos índices de prostituição, uma realidade bem triste constatada a cada instante.
A Tailândia foi o país mais religioso que passei, a maioria da população é budista e segue diariamente os princípios da religião. Ônibus, taxis e barcos são enfeitados com guirlandas de flores para tranqüilizar os espíritos e garantir uma jornada segura aos passageiros. No lado de fora das casas e estabelecimentos comerciais, sempre há uma casinha de madeira com flores e frutas para os espíritos errantes viverem.
Os monges budistas dão outro toque especial ao país. Estão por todos os lados, sempre andando em grupos com seus trajes alaranjados e sombrinhas em punho para protegê-los do sol escaldante. Praticamente todos os homens tailandeses são ordenados em algum momento de suas vidas a serem monges, é por isso que a população os respeita muito.
Em todos os templos, budas pequenos, budas gigantes, budas de ouro... todos sendo devidamente tratados com muitos incensos, flores e velas. Por fora, os templos tailandeses são cheios de cores e donos de uma arquitetura belíssima!
Cor é a palavra perfeita para descrever a Tailândia. Tudo aqui é colorido e alegre. A religião, os trajes, as ruas, as praias, os mercados. O famoso mercado flutuante tem um colorido especial a parte... passear por entre todos aqueles barquinhos vendendo de tudo um pouco é uma experiência simplesmente colorida e extasiante! Cheiros e sensações nos dominam durante todo o trajeto pitoresco.
Já um pouco cansados do agito de Bangkok, pegamos um trem noturno e fugimos para o norte do país, para uma cidadezinha chamada Chiang Mai, famosa pelos trekkings nas montanhas, esportes aquáticos e passeios de elefantes. O trem foi um capítulo a parte, algo completamente diferente dos trens que já peguei na vida... trata-se de uma cabine desmontável. Quando chegamos ao trem, nossa cabine se resumia a uma mesa com dois bancos. Achamos estranho. Em seguida chegou um cara do serviço de bordo perguntando se a gente queria que arrumasse as camas. Assim, como num passe de mágica, ele desmontou a mesa e transformou-a em duas camas beliche, fantástico!! A cama era super confortável, mas parece que eu realmente tenho problemas para dormir em trens, é um karma! No dia anterior a nossa viagem havia ocorrido alguns deslizamentos de terra em algumas regiões atingindo os trilhos do trem. Resultado: durante toda a viagem o trem freava bruscamente cada vez que se deparava com um deslizamento de terra, tornando impossível dormir com todos os trancos. Pra completar, o trem ainda atrasou 3 horas para chegar ao destino.
A tal da cabine que se transforma
Os perrenguinhos de trem valeram a pena! De cara, Chiang Mai nos conquistou. Aqui encontramos aquele povo amigável que estávamos esperando na Tailândia. A cidade é pequenita, com uma energia gostosa que vem do alto das montanhas. Nada como fazer um trekking em cima de um elefante pela natureza exuberante para recarregar as baterias. Os elefantes da Tailândia são as criaturas mais adoráveis da face da terra, é possível acariciá-los e alimentá-los, talvez porque sejam muito domesticados para atender o turismo local. Ainda em Chiang Mai, visitamos uma comunidade de meninas de pescoço comprido, que usam aqueles anéis desde o início de suas vidas. Na Tailândia elas vivem refugiadas de seu país de origem – Mianmar – e sobrevivem através da venda de artesanato. Elas ficam o dia inteiro sorrindo para as câmeras dos turistas, mas por trás daqueles sorrisos habitam espíritos sofridos, os lânguidos olhares não sabem disfarçar.
De Chiang Mai, pegamos um ônibus de volta para Bangkok, de onde em seguida partimos para o sul do país. Chegou a hora de ir para o paraíso! Phi Phi Island é uma das ilhas mais famosas da Tailândia por ter sido o local onde o filme A Praia foi filmado. Não é a toa que esse foi o local escolhido para a gravação. Trata-se de um cenário impressionantemente bonito, de tirar o fôlego! Águas cristalinas, escarpas rochosas brotando do mar e alcançando o céu, formando corredores de natureza esplendida e exuberante! Um verdadeiro paraíso na terra. Passamos 5 dias hospedados na ilha de Ko Phi Phi e passeando pelas ilhotas ao redor. Difícil eleger qual é a praia mais bonita, todas elas são um “desbunde” de beleza e dignas do meu desejo de ter um bangalô em cada uma delas!
Estando num paraíso de águas límpidas, aproveitei para fazer um mergulho de cilindro. A Tailândia é famosa por ser um dos melhores lugares do mundo para mergulhar. Já tinha feito um mergulho batismo em Noronha há uns anos atrás e lembrava que a experiência havia sido inesquecível. A segunda experiência aqui na Tailândia reforçou a primeira percepção... mergulhar é algo fantástico! Praticamente impossível acreditar que debaixo do mar existe um outro mundo de cores e formas. Peixes coloridos, plantas enormes e corais elegantes balançam no mesmo ritmo seguindo a ordem da correnteza do dia! Que delícia fazer parte desse balanço lindo de viver!
Falar sobre o preço das coisas na Tailândia é algo que não pode faltar num post sobre o país. Tudo aqui é muito muito barato, inclusive no paraíso de Ko Phi Phi! Ficamos em um bangalô super charmoso de frente para o mar, por R$ 70 a diária, mordomia que meu reizinho fez questão de proporcionar. Para aqueles que não precisam de tanto conforto, é fácil encontrar pousadas simples com diárias a partir de R$ 20. A comida é uma pechincha também! O Pad Thai, macarrão com camarão e tempero tailandês, é a comida local mais vendida no país! Eu fiquei fascinada pela iguaria, praticamente só comi isso durante minha estadia aqui. Um prato de Pad Thai em Phi Phi Island sai por R$4, em Bangkok, por R$2! Os preços das roupas também são uma tentação para qualquer lady, as barraquinhas expondo vestidos, saias e cangas estão por todos os lados. A qualidade deixa um pouco a desejar, mas ainda assim a maioria dos modelitos é cool e baratíssima! Eu tive que resistir aos meus instintos femininos já que espaço é algo em extinção em minha mochila.
Pad Thai - huuuuum
O começo da viagem pela Tailândia foi um pouco conturbado, levamos um choque ao nos depararmos com tantos turistas e com uma população sacuda de toda essa movimentação. Mas, para o bem geral da nação, a percepção só melhorou ao longo dos dias. O povo amigável mostrou a cara, as boas vibrações chegaram da montanha, a boa comida fisgou o estômago e o paraíso foi descoberto! A companhia do reizinho Chede também valeu para tornar tudo ainda mais delicioso.
Quem precisa mais do que isso para adorar um país?
Quem precisa mais do que isso para adorar um país?