quarta-feira, 21 de outubro de 2009

China, senta que lá vem história... PARTE II

Eu e a China



Eu quero uma casa templo como essa pra mim



Proteção dupla


Cotidiano


Clique roubado


Xangai


Balada em Xangai

Suzhou noturna

Templo do Céu - Pequim




Mais contrastes




Cidade Proibida - Pequim




Nas redondezas do Palácio de Verão - Pequim




Parque Olímpico - Pequim


Maquiando para a Ópera



Grande Muralha



Não é boneca, é gente mesmo!




Guerreiros de Terracota - Xian




Hora de falar de China China mesmo...

Bom, antes de tudo, preciso contar uma história que começou antes da minha viagem de volta ao mundo. Uns meses antes de embarcar entrei para a comunidade Couch Surfing que já comentei aqui quando falei sobre Hong Kong. Trata-se de uma comunidade na internet que reúne pessoas que tem interesse em viajar e ficar na casa de outras pessoas, sem pagar nada por isso. Fazer com que as pessoas se encontrem ao redor do mundo é a principal razão de ser do Couch Surfing. Mas a comunidade é muito melhor do que parece, no CS é possível conhecer pessoas que tem interesse em viajar para os mesmos lugares que você. Por exemplo, assim que entrei para a comunidade, me filiei ao grupo Southeast Asia. Neste grupo, está todo mundo que tem algum tipo de interesse em viajar para o sudeste asiático, então acaba sendo fácil e divertido conhecer gente pela internet que está viajando para os mesmos destinos que você. Eu sou uma Couch Surfer, porém nunca “surfei num couch”, mas já usei muito a comunidade para conhecer as pessoas locais, é muito muito útil para todos que gostam de viajar e conhecer gente. Recomendo a todos. Quem tiver interesse em saber um pouco mais, entra no site: http://www.couchsurfing.com/

Foi justamente pelo Couch Surfing que conheci minha atual grande amiga canadense Jéssica Ashby. Antes de viajar, a gente se encontrou no CS e viu que ambas iríamos para a China no mesmo período, sozinhas. Por que não nos juntarmos nessa empreitada? Bom, mandamos uns 2 ou 3 emails constatando que ambas tinham interesse em viajar juntas para a China e então combinamos que mais perto de Setembro nos falaríamos novamente. Eis que perto de setembro, nos falamos novamente e o combinado ainda estava de pé, nos encontraríamos na China!

Nosso encontro real se deu em Guangzhou, uma cidade ponte entre Hong Kong e Xangai.
A cidade não tem nada demais, mas a química da amizade entre eu e Jessy foi instantânea! Nos abraçamos assim que nos vimos e conversamos por horas a fio como velhas amigas. A Jessy foi minha companheira de viagem por 2 semanas e foi simplesmente incrível conhecer essa pessoa. Graças a Jéssica, eu aprendi um montão de coisas, inclusive a comer nas ruas por apenas alguns centavos de real. Nos divertimos muito juntas, rimos e choramos, fomos a baladas, muitos templos, viagens de trens e muito mais... tudo mais do que inesquecível! De presente, ainda ganhei uma amiga de verdade pro resto da vida!




Bora falar da China...

No dia seguinte que me encontrei com a Jessica em Guangzhou, partimos de trem para Xangai. Foi a minha primeira viagem de trem pela China e foi realmente algo muito marcante. Foram 12 horas de viagem, num treliche sendo que eu e Jéssica estávamos no terceiro andar de nossos treliches, local em que é praticamente impossível erguer a cabeça de tão pequeno que é o espaço. Para chegar no tal do terceiro andar, é preciso fazer uma escalada pelas outras camas. Para tornar a situação um pouco mais complicada, na China é permitido FUMAR DENTRO DO TREM!! E pra piorar ainda mais, o “fumódromo” e o banheiro eram ao lado da nossa cabine. Resultado, fumaça de cigarro nas sardinhas enlatadas e barulho de gente escarrando no banheiro por 12 horas. Mas tudo bem, sobrevivemos e chegamos à incrível Xangai.



Xangai foi sem dúvida a cidade mais tecnológica que conheci até então, ainda mais do que Hong Kong. A Torre Peróla parece coisa da família Jetson, algo totalmente futurístico! Xangai é também um grande centro empresarial e financeiro, a grande maioria dos negócios, multinacionais, expatriados e grandes executivos da China se encontram aqui. Ouvi dizer que ganhar dinheiro em Xangai é tarefa mais fácil (ou menos difícil) do que em qualquer outro lugar do mundo. Será que vale a pena tentar um emprego por aqui?

Em Xangai também passei por uma situação bem diferente: hospedei-me na casa de uma pessoa sem nem conhecê-la, e não foi pelo Couch Surfing. Explico: meu ex-chefe Maykon, um chinezinho porreta, me disse que tinha um amigão vivendo em Xangai, e cometeu a besteira de dizer que eu poderia ficar na casa deste amigo se eu quisesse. Ofereceu, ta oferecido! Ainda mais para uma mochileira que quer economizar sempre que possível, a oferta é irrecusável! Lá fui eu com a Jessica bater na casa do Théo, o tal do amigão do Maykon. Resumindo... passamos 5 noites no delicioso ap do Theo, ele foi um tremendo de um anfitrião, nos levou para baladas fantásticas, restaurantes e nos apresentou para um monte de gente legal. Xangai sem dúvida se tornou muito melhor com a nossa estadia na casa do Théo, que é uma pessoal inrível. Obrigada Maykito e Theo por tudo!!


Pertinho de Xangai, ainda tivemos a oportunidade de conhecer Suzhou, uma cidade conhecida como a Veneza do Oriente. Trata-se de uma cidade permeada de canais, e, além disso, com jardins lindíssimos para serem apreciados. Eu e Jessy ainda fizemos um delicioso passeio pelos canais de Suzhou, com direito a gondoleira chinesa cantante!



Mas o melhor ainda está por vir: Pequim. Essa foi a cidade do encantamento na China. De Xangai, pegamos outro trem noturno para Pequim, dessa vez pagamos um pouco mais pela passagem e ficamos no segundo andar do treliche. Achei que desfrutaria de uma boa noite de sono, que ilusão. Dessa vez não foi o cigarro, foi uma sinfonia de roncos que não me permitiu dormir. Cada cabine tem 2 treliches, ou seja, 6 pessoas por cabine. Dessa vez, era só eu e a Jessy de mulheres estrangeiras na cabine, os outros 4 eram homens chineses. Todos tinham uma habilidade incrível de roncar, mas teve um gordinho que superou qualquer recorde de ronco. O cara conseguia roncar de mil maneiras... assobiando, assoprando, gritando. Minha vontade era de enfiar uma meia na boca do cara! Coloquei meu tampão de ouvido, mas não resolveu em nada, a sinfonia era tão grande que superava qualquer barreira. Mais uma noite em claro num trem chinês para ficar registrada! Valeu a experiência e a história pra contar.

Vamos à parte boa de Pequim... trata-se de uma cidade monstruosamente grande com uma população de mais de 11 milhões de habitantes. Ao mesmo tempo, Pequim consegue ser uma cidade delicada e sensível aos olhos de qualquer mortal. Os templos são sem dúvida os mais lindos da China. Templo do Céu, Palácio de Verão e templo Lamá são imperdíveis, lugares onde a paz reina e é possível sentir as melhores vibrações do universo. Também é nos templos que os chineses costumam praticar o tai chi chuan durante as manhãs, algo tão bonito de ver que acaba sendo terapêutico, eu poderia ficar horas vendo eles se movimentarem daquele jeitinho calmo e compenetrado.

A Cidade Proibida é um dos pontos altos de Pequim. Patrimônio mundial da UNESCO, este palácio imperial tem mais de 9.999 cômodos e foi residência de imperadores por mais de cinco séculos, o acesso era restrito apenas ao imperador e seu pessoal de confiança. Trata-se do maior palácio do mundo, uma verdadeira cidade dentro de Pequim! A gente se sente pequenino dentro da imensidão e imponência da Cidade Proibida.

O parque olímpico onde foram realizadas as Olimpíadas de 2008 é um verdadeiro sonho para qualquer esportista (e também para gente comum como eu que gosta de esportes). Fiquei toda animada ao ver o estádio Ninho de Pássaro e o Cubo de Água de pertinho. Imagino a sensação deliciosa que deve ter sido viver isso no ano passado, em plenas Olimpíadas.

Também em Pequim, fomos a uma tradicional Ópera Chinesa, que nos primeiros 10 minutos pareceu legal, mas depois se tornou um tanto quanto enfadonha. As maquiagens e o figurino do elenco são lindos, mas confesso que a voz deles não é lá muito agradável. A senhorinha que estava do meu lado dormiu quase o tempo todo.

Para compensar a ópera mais ou menos, fomos jantar no Da Dong, considerado o melhor restaurante para comer o famoso Pato de Pequim. Gente, trata-se de uma iguaria indescritivelmente gostosa, entre as melhores comidas que já experimentei na vida. O pato é defumado, com uma carne tenra, macia, saborosa. Até mesmo a pele do pato é uma delícia, crocante e deve ser desfrutada com um pouco de açúcar... huuuuum, só de tentar descrever já fico com água na boca! Sensacional! É um pouco caro, mas sem dúvida vale cada centavo, cada milímetro cúbico da apreciação do pato.


A coisa só melhora para a moral de Pequim... não muito longe dali, fui parar nada menos nada mais no que na GRANDE MURALHA DA CHINA! Este foi mais um super ponto alto da viagem. A Grande Muralha é imponente, deslumbrante e parece ser infinita já que ela ultrapassa o horizonte, indo até onde os olhos não conseguem mais enxergar. Optamos por conhecer a parte da muralha chamada Simatai, um trecho que não é tão turístico e foi pouco restaurado, o que significa que o nosso trekking por lá não foi moleza. Foram simplesmente 10km de caminhada (e escalada) pela muralha, passando por mais de 30 torres, milhares de degraus e vistas incríveis. A sensação de estar neste lugar histórico é demais, me arrepiei o tempo todo. Chegou a ser difícil acreditar que eu realmente estava em cima da grande muralha. Foram mais de 3 horas de trekking que também valeram cada gota de suor e esforço.

Xian foi minha última cidade na China. A cidade é uma graça, rodeada por uma muralha imponente. Fiquei apenas uma noite lá com o intuito de conhecer o famoso museu dos guerreiros de terracota. Essa foi uma parte legal da viagem, mas acabou não ficando na lista dos hot spots da China. Não dá pra diminuir o valor da obra, um exército de mais de 8 mil figuras de soldados e cavalos em tamanho original que foram feitos por mais de 700 mil operários a pedido de um imperador. O tal do imperador acreditava que o batalhão de argila o protegeria para a eternidade após sua morte. A história é boa, mas depois de umas 2 horas vendo os 3 pavilhões de guerreiros acaba ficando meio cansativo.

Bom, até agora eu contei um pouco das experiências que tive em cada uma das cidades que passei na China, mas acho que ainda não consegui exprimir o porquê do meu encantamento com o país, com o povo.

Vou tentar ser breve... Só na China é possível cultivar um sentimento de amor e ódio praticamente o tempo todo, os contrastes são fortíssimos. Ao mesmo tempo em que eu poderia odiar os chineses porque eles tem modos horríveis, catarram por tudo, arrotam, fedem, fazem xixi na ruas, eu tenho a opção de amá-los porque eles conseguem ser as criaturas mais sensíveis do mundo, dançam nos parques, fazem tai chi chuan, ficam extasiados e felicíssimos ao verem uma polaca como eu.

Eu poderia odiá-los porque NINGUÉM fala inglês e também não entendem mímicas básicas, por outro lado, tem muitos que mesmo sem entender nada ficam ali junto com você se esforçando para ajudar de alguma forma, pedindo ajuda pra outro chinês ou falando em chinês com vc. Não dá pra dizer que os chineses não são solícitos.

Eu poderia odiar o caos do trânsito da China que é algo de outro mundo. Eu nunca vi coisa igual, são milhares de motos e carros juntos buzinando ao mesmo tempo, fazendo conversões proibidas. A chance de ser atropelado é grande porque parece que todos os veículos têm passagem livre nas calçadas também. Pedestre é a última prioridade aqui. Ao invés de odiar, a gente sempre tem a opção de se divertir com a situação caótica! Me flagrei diversas vezes rindo sozinha no meio daquela bagunça que chega até a ser divertida.

Eu poderia odiar a China por todas aquelas comidas estranhas e aparentemente indigestas, mas tive a opção de experimentar as esquisitices e descobrir que muitas vezes o que é feio pode ser uma delícia!

Os banheiros chineses, que na regra são sujos e praticamente intransitáveis também são um grande motivo para não gostar do país, mas até isso depois de um tempo é possível pegar a manha. Ter sempre em mãos papel higiênico e um lenço com um pouco de perfume para colocar no rosto ao entrar nos banheiros resolve qualquer problema.

Para AMAR a China, basta estar com o espírito livre para se encantar com todas as maravilhas que o país oferece e livre também para aceitar as diferenças. Foi justamente no contraste do dia-a-dia que tirei as maiores lições, dei as maiores risadas e ganhei muuuitas histórias pra contar pro resto da vida.

Sem dúvida, a China é responsável por uma grande parte da história da volta ao mundo de Mariana Stock!

14 comentários:

  1. Nossaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
    Estou admirada com esse texto!!!! Alias, com o blog em geral..q experiencia INCRIVEL!!!!
    Voce sabe como escrever e emocionar (toda vez q leio fico louca de vontade de ir pros luagares q vc esta..haah)
    Tambem estou planejando um mochilao na asia..loca para ir especialmente China,India e Tailandia..aiaiai...
    Aproveitaaaa!!!!
    Bjos

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  2. Primaaaa, que texto lindo!!!
    Estou louca para ouvir todas essas suas historias pessoalmente! Dei altas risadas com esse post e tbm tive meu estomago totalmente embrulhado só de pensar nos cheiros desses banheiros (acabo de chegar da oktoberfest e, a cada vez que precisava ir ao banheiro la, tinha 5 tipos diferentes de ansia de vomito com o cheiro...imagino vc ai! hahahahaha).
    Aproveita tuuuuudo ai, primona! Que o tempo ta voando!
    Te amo
    Bjos

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  3. Amada, adoreeeiiiiii o post, oportunidade de leitura incrível!!!! A gente viaja muito unindo textos e fotos... Você está se superando a cada dia que passa. Vou mandar seu blog para os jornalistas e programas da Rede Globo... hehehehe, vai achar emprego fácil na volta!!!
    Continue sempre firme nessa jornada de descobertas, algumas ótimas, outras nem tanto, é assim mesmo... Viva a diversidade!!!!
    Milhões de beijos

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  4. Miri,

    Não quero ser repetitivo, mas é difícil fugir dos comentários acima. Cara, seu texto é muito, mas MUITO bom. É um capricho em cada palavra, podemos sentir muito bem o sentimento que exprime. Que Zeca Camargo que nada, sou mais vc, Polaca!

    Um beijão,
    Diego

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  5. Loirão!!!!

    Que fotos!!! E que história....me sinto PHD em China...rsrsr!!!! E nem preciso falar das lindas fotos!!!!....

    Saudade!!

    Preta

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  6. Sis... que parte diferente da trip hein!!!
    É amada... agora seguem as grandes diferencas...
    É a hora de deixar os pré-conceitos de lados e viver o novos absorvendo o bom e rindo do ruim...
    Tá no clima certo princesa!!!
    To cada vez mais orgulhosa de vc...
    ps. eu ia entrar no clima e fazer xixi na rua!!! Cheirar o olheio pq??? heeeiii...there is a girl peeing in that bushhhhhh!!!HAHAHA
    LOVEYAAAAAAAAAAAA

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  7. Mari,

    Que Saudades, serei repetitiva para te convencer a publicar tudo isso, vc consegue nos passar as emoções, sensações, sentimentos e principalmente a vontade de estar lá junto, como não podemos, fechamos os olhos e embarcamos na sua história. Bjs - Ana Santos

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  8. Maricota! Que saudades guria!! Suas fotos estao lindas, seus textos demais!! Acho que vc jah tem 2 novas profissoes! hehehehe

    Beijos Pri Batista

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  9. "assobiando, assoprando, gritando..." hahahahaha.
    Ri alto aqui.

    Que maravilhoso isso tudo, amiga!

    amo!

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  10. Amiga!!! Amei seu post da China!!! Parabéns! As fotos estão demais também.

    É incrivel né?! Ai, também fiquei com agua na boca de lembrar do pato!!!

    Quero trocar mais figurinhas da China quando você voltar amiga!

    Te amo!
    Beijos

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  11. Saudadonas de voceeeeeee....quero ouvir td isso pessoalmente...na mesa da cozinha da praia...todos reunidos...com muuuuuito tempo pra papear...sem falar nas perguntas inquietantes da vó Zoca que fatalmente irão surgir...hehehe
    Bjãozão amadaaaaa
    Tia Lucia

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  12. Querida Mariana, belíssimas palavras sobre a China. Fiquei com uma dúvida atroz: afinal de contas, por aí se come ou não o tal de rolinho primavera? Adorei tua foto com a bandeira!! Epifânica!! E aquela porta está demais. Um grande abraço, Leonardo Ferrari.

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  13. Maria Fernanda Gaspar29 de outubro de 2009 às 06:09

    Marii fico aqui viajando c seus comentarios!Adorei sua discriçao da CHINA gostaria mto de conhecer porem tenho certeza q vou me irritar por la rsrs estou amando seu post!!!
    Um beijo, Maria Fernanda Gaspar

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  14. Miri, para ir até esse trecho da Muralha, como você fez? Contratou um táxi ou foi de transporte público?

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